A obesidade é uma doença crônica, progressiva e multifatorial, que vai muito além da estética. Ela envolve desequilíbrios no metabolismo, genética, fatores ambientais, emocionais e comportamentais.
Hoje, é reconhecida como uma condição de saúde que exige acompanhamento contínuo e tratamento personalizado, com foco em promover qualidade de vida, saúde metabólica e bem-estar físico e emocional.
Classificação atualizada
O diagnóstico de obesidade vai além do Índice de Massa Corporal (IMC). Atualmente, também são considerados:
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A distribuição de gordura corporal, especialmente abdominal
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A composição corporal (massa magra x gordura)
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A presença de comorbidades associadas (como diabetes tipo 2, hipertensão, apneia do sono, dislipidemia, esteatose hepática, entre outras)
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O impacto da obesidade na qualidade de vida e funcionalidade
Tratamento: mais do que perder peso, é ganhar saúde
O tratamento deve ser individualizado, baseado em evidências, e adaptado à realidade de cada paciente. Entre os pilares estão:
🔹 Mudanças no estilo de vida
Incluem alimentação equilibrada, movimento regular e estratégias comportamentais para desenvolver novos hábitos. O acompanhamento profissional contínuo é essencial para que as mudanças sejam sustentáveis.
🔹 Apoio psicológico e emocional
A obesidade frequentemente está ligada a questões emocionais profundas, como ansiedade, compulsão alimentar ou baixa autoestima. O suporte psicológico ajuda a desenvolver uma relação mais saudável com o corpo e com a alimentação.
🔹 Tratamento medicamentoso
O Brasil conta com diferentes opções de medicamentos aprovados para o tratamento da obesidade. A escolha deve ser individualizada, considerando fatores como padrão alimentar, histórico clínico, presença de comorbidades, perfil metabólico, preferências do paciente e possíveis efeitos adversos.
As principais medicações atualmente disponíveis são:
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Liraglutida (3,0 mg/dia) – agonista do GLP-1, promove saciedade, retarda o esvaziamento gástrico e ajuda no controle do apetite
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Semaglutida (2,4 mg/semana) – agonista do GLP-1 de ação prolongada, com excelentes resultados na redução de peso e melhora de comorbidades metabólicas
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Tirzepatida – medicação mais recente no Brasil, agonista duplo de GLP-1 e GIP, que atua de forma potente na saciedade e no controle do apetite, com resultados superiores de perda de peso em estudos clínicos
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Bupropiona + Naltrexona – combinação que age no sistema de recompensa alimentar e no controle do apetite emocional
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Orlistate – reduz a absorção de gordura no intestino, podendo causar efeitos gastrointestinais
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Sibutramina – inibidor de recaptação de serotonina e noradrenalina, com efeito supressor de apetite; deve ser usada com cautela, especialmente em pacientes com histórico cardiovascular
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Topiramato – embora seja um uso off-label, pode ser considerado em casos selecionados, com efeitos na saciedade e no controle da compulsão
Esses medicamentos não substituem mudanças no estilo de vida, mas podem ser grandes aliados no processo de reeducação alimentar e melhora metabólica — sempre com prescrição e acompanhamento médico.
🔹 Cirurgia bariátrica
Indicada em casos de obesidade grave ou quando o tratamento clínico não foi suficiente. A cirurgia deve ser avaliada criteriosamente e acompanhada de suporte multidisciplinar.
Mais do que peso na balança
Tratar a obesidade é investir em saúde integral. Não se trata de força de vontade, e sim de um processo de cuidado médico e apoio contínuo. Cada corpo é único — e cada tratamento também deve ser.